História da dança
Período Medieval
Foi na Idade Media que a dança começou a evoluir. Antigamente a dança
era algo sagrado e logo passou a ser um rito tribal em honra aos deuses, e como
a Igreja Católica Medieval era contra outras crenças, passou a proibir este
tipo de dança. Então a única dança que passou a evoluir, foi a dança
recreativa, que, mesmo não sendo proibida era mal vista pelas autoridades
eclesiásticas, pois era realizada como uma manifestação da espontaneidade
individual. Assim nota-se que, apesar de estar incluída nas comemorações
católicas, a dança não foi integrada à liturgia católica.
Isso fica notável no ano 774, com o decretal do papa Zacarias“Contra
os movimentos indecentes da dança ou da carola”; ou com o decreto do
concílio de Avignon, que dizia que “Durante a vigília dos Santos, não
deve haver nas igrejas espetáculos de dança ou carolas”. Mesmo com as
proibições há provas de que pessoas dançavam em comemorações e em festas,
danças como a Carola, uma dança de roda e o Tripudium uma dança em três tempos,
na qual os participantes não se tocavam e eram danças ao som de cantos
Gregorianos, e ritmadas com tambores e tamborins.
No século XIV, conhecido como “o século negro”, século onde
se ocorreu a Guerra dos Cem Anos, onde se teve uma das piores colheitas da Era
Medieval e da crise da Igreja, a dança seguiu sua evolução, refinando suas
formas variando seu ritmo e simbolizando a morte mais brutal. Esse período é
marcado pela peste negra e outras doenças epidêmicas que devastavam a Europa,
causando muitas mortes. O povo, desesperado, dançava freneticamente para
espantar a morte. Essa dança ficou conhecida como dança macabra ou dança da
morte. O ritmo passou a ser variado entre lento e rápido e a Carola passou a
ser uma dança macabra, deixando assim de ser a dança da Alegria. Esse costume
se deu como objetivo de mostrar que “a vida é uma Carola”.
No século XIV a arte dos trovadores, menestréis e jograis, que acontecia
nas ruas, entra nos castelos medievais para alegrar as festas. Esses artistas
ensinam à nobreza uma dança lenta, a Basse Dance, assim chamada por causa dos
trajes pesados usados pelas castelãs, diferente das roupas usadas pelas
camponesas, que lhes possibilitavam pular, rodopiar e dançar a haute dance.
Entre as danças
executadas pela corte na Idade Média está a Polonaise, originada das danças de
camponeses poloneses que aconteciam na frente das igrejas e que vai ser, mais
tarde, no século XIX, inserida em alguns balés.
Período Renascentista
Foi na França e na Italia que a arte renasceu: graças a um movimento
cultural nesses dois países, a arte foi desligada da Igreja, assim
desenvolvendo uma sociedade que valorizava e arcava com os custos da arte.
Nesta época a dança
da corte assinalava uma nova etapa, onde os participantes não bastavam apenas
saber a métrica da dança, mas também os passos.
A dança teve sua evolução em Florença, na Itália, em espetáculos
chamados de trionfi – triunfos, que simbolizavam riqueza e poder. Vários
artistas eram convidados a colaborar na preparação desses espetáculos, entre
eles Leonardo da Vinci.
Em 1459, em uma festa de casamento, surgiu uma das danças mais
importantes, hoje considerado o balé. Em 1500 no carnaval de Veneza, foi
encenado um dos triunfos mais luxuosos, onde os dançarinos usavam máscaras
bordadas com fios de ouro e pedras preciosas, leques de plumas e mantos de seda
adamascada.
1548 foi o ano que marcou a dança. O espetáculo era uma mistura de
canto, dança e poesia e era uma forma de divertir o rei e a corte. Os temas
escolhidos eram mitológicos, em sua maioria. O rei participava interpretando
uma divindade, que as pessoas da corte adoravam.
O primeiro “balé da corte” em 1581, intitulado Le
Ballet Comique de la Reine (O Balé Cômico da Rainha – neste caso, o termo
cômico deve er entendido no sentido de “dramaturgia de uma comédia”),
foi um grande espetáculo, que durou seis horas, com participação de carros
alegóricos e efeitos cênicos.
Período Barroco
Em 1653 o rei Luís XIV (1638-1715) proporciona um grande desenvolvimento
para a dança, como ótimo bailarino criou vários personagens para si próprio,
como deuses e heróis. Sua grande aparição foi como “Rei-Sol”, aos catorze anos
de idade, no balé real A Noite. O personagem derrotava as trevas, usando um
traje de plumas brancas.
Em 1661, Luis XIV fundou a Academie Royale de la Danse. A
chamada “comédia-balé” veio para substituir o “balé da corte”. A primeira
tentativa do gênero foi Les Fâcheux (Os Inoportunos).
Jean Baptiste Poquelin, conhecido como Molière, criou temas para balé,
pois incluía cenas de dança em todas as suas comédias. Nessa época, a dança
era parte do teatro, ainda não era uma arte independente, e os
intérpretes, que participavam dos espetáculos, eram ciganos, dançarinos e
acrobatas que divertiam a multidão.
Esses espetáculos com dança marcaram o começo de desenvolvimento e o
momento de independência da dança na arte.
O movimento assinalou a presença de coreógrafos e teóricos de dança, que
passaram a ensinar em academias abertas a alunos de todas as classes sociais. A
exigência de uma técnica refinada para um profissional da dança fez com que
Pierre Beauchamp (1636-1705), músico e coreógrafo da Academie Royale de la
Musique et de la Danse, criasse as cinco posições básicas de pés para balé,
posições de braços e de cabeça que as acompanham e são conhecidas até hoje.
Período Clássico
O balé nasceu da união das acrobacias dos profissionais e da leveza e
graça da dança das festas da aristocracia.
No período clássico é uma época em que prevalece o desenvolvimento das
vestimentas, pois elas também são de grande ajuda no desenvolvimento técnico da
dança. Os vestidos, compridos e pesados, impediam a graciosidade de movimentos
verticais. Os temas para balé começam a exigir a ilusão do vôo e, para isso, os
cenógrafos utilizaram alavancas e roldanas para erguer os bailarinos.
Marie-Anne Cupis de Camargo (1710-1770), La Camargo, foi a primeira
bailarina a ser erguida por máquinas dando a dança na época, movimento
verticais mais enriquecendo. Encurtou a saia na altura dos joelhos para
facilitar sua elevação e os movimentos de bateria dos pés, que antes eram
executados somente pelos homens.
Marie Sallé (1707-1756) procurou usar roupas mais leves, como as túnicas
gregas, em um bailado chamado Pigmaleão, mas esse tipo de vestimenta só ganhou
popularidade duzentos anos mais tarde, com a moderna Isadora Duncan.
A rivalidade entre La Camargo e Sallé era marcada por seus estilos
diferentes de dançar. Enquanto Sallé se apresentava com uma dança solene, mais
expressiva e dramática, La Camargo era mais ágil e leve, realizando saltos e
passos rápidos, criando uma forma mais acrobática na dança.
A luta contra as saias pesadas e a busca de liberdade dos movimentos
continua até depois da Revolução Francesa (1789), quando o costureiro da Ópera
de Paris, Maillot, criou a malha, dando ao bailarino maior liberdade e mobilidade.
Período Romântico
Em 1820, o italiano Carlo Blasis (1795-1878), grande estudioso da
escultura e da anatomia, escreveu Treatise on the Art of Dancing (Tratado
sobre a Arte da Dança), onde ele rsumiu tudo o que se conhecia até então sobre
dança. Acrescentou à estética de Noverre uma técnica mais elaborada.
Noverre e Blasis declararam que é muito importante para um bailarino
conhecer a pintura e a escultura a fim de refinar sua percepção artística, para
a preparação dos gestos e passos de dança.
Em 1830 o balé romântico se desenvolve na França e se estende por toda a
Europa.
As histórias românticas mostravam, em sua maioria, uma heroína triste,
capaz de morrer ou enlouquecer por amor. O balé mudou tentando ajustar este
mundo de sonho. Os passos deixaram apenas de servir apenas para evolução da
ação, mas estavam carregados de um conteúdo emocional profundo.
O balé criava um mundo de ilusão, esboçava o ideal das concepções
românticas. A fada, a feiticeira, o vampiro e outros seres imaginários eram
seus personagens.
No século XVIII o homem que no então, era visto como a figura principal
da dança, passa a ocupar um lugar menor no princípio do século XIX. A mulher
foi erguida a um campo sobre-humana e o homem deixou de ser herói e se
restringiu a elevar a mulher, quando necessário.
Os ideais da bailarina romântica, provocaram uma grande modificação da
técnica de dança, introduzindo as sapatilhas de ponta. As roupas ficaram mais
leves, o que permitiu a ilusão do etéreo da figura feminina e facilitou a
fluidez dos movimentos.
Os coreógrafos
enriqueceram as evoluções do corpo de baile, no qual
os bailarinos dançavam movimentando-se em diversas direções no
palco e não ficavam mais como molduras, que formavam figuras geométricas sem
grandes deslocamentos no espaço.
A iluminação da cena, anteriormente apresentada com luz ambiente ou luz
do dia, recebeu um novo tratamento estético e os cenógrafos passaram a utilizar
a iluminação a gás para a criação de novos ambientes.
Período Moderno
Na era da modernidade, no século XX, com descobertas cientificas, da
rapidez, de expansão de fronteiras, a dança busca novas formas e podem ser
vistas em duas grandes tendências: o apego aos códigos clássicos, remanejados
de acordo com o gosto da época, no balé neoclássico, e a contestação daquelas
antigas propostas pela dança moderna e contemporânea.
Foi nos Estados Unidos e na Europa que a dança começa a evoluir se
mostrando muito diferentes da tradição clássica em relação aos espaços
utilizados, concepção de dança e movimentos do corpo.
O nucleo da dança moderna é tradicionalmente associado à estadunidense
Isadora Duncan (1878-1927), mas na realidade ela nasce quase que ao mesmo
tempo em dois países: Estados Unidos, não somente com Isadora, mas também com
Loïe Fuller (1862-1928) e Ruth St. Denis (1877-1968), e na Alemanha, com Rudolf
Laban (1879-1958) e Mary Wigman (1886-1973).
Foi na Europa que Duncan e Fuller fizeram mais sucesso. Ruth St Denis e
seu companheiro Ted Shawn (1891-1972) criam uma escola de dança na qual se
formaram os primeiros grandes mestres da dança moderna nos Estados Unidos.
Mary Wigman representa um movimento coreográfico expressionista que
surgiu na Alemanha dos anos 1920.
O balé clássico foi mantido por muitos modernos, já outros utilizaram
técnicas de dança mais livres, assim não utilizando uma determinada técnica,
apenas sendo livres nas escolhas dos movimentos.
As três dançarinas estadunidenses – Duncan, Fuller e Ruth – nasceram em
um país onde a dança clássica não tinha uma tradição como na Europa. A
necessidade dos norte-americanos de afirmar sua própria identidade perante a
Europa está nas danças de Duncan e St. Denis, que introduzem uma atmosfera de
misticismo em suas práticas gestuais.
Em 1880, Löie Fuller (1862-1928) iniciou sua carreira ainda no
século XIX, quando dançava em shows de revista nos Estados Unidos. A primeira
coreografia de Fuller foi um espetáculo solo, Serpentine Dance (1890), onde
apareceu com efeitos de luzes e com grandes pedaços de seda esvoaçantes, que
ela movimentava com bastões amarrados em seus braços. Descobriu o poder da
ilusão cênica com projeções luminosas sobre suas vestimentas em movimento.
O sucesso de Fuller na Europa marcou a arte e a moda dessa época com sua
influencia.
Em 1890, Ruth St. Denis (1877-1968) iniciou sua carreira com
o balé Rhada. Suas danças mostravam influencia da cultura dos países do Oriente
e elementos sobre o divino e o sagrado, com iluminação e guarda-roupa bastante
elaborados.
Em 1904, Isadora Duncan foi à Rússia, e acabou influenciando
Mikhail Fokine (1880-1942) em uma nova forma de pensar o balé.
Usava túnicas soltas, inspiradas nas dos antigos gregos, vestimenta que
Sallé tentou introduzir dois séculos antes. Dançava com os pés descalços,
rejeitando as sapatilhas de ponta usadas no balé, símbolo sagrado da dança
clássica.
Isadora é considerada uma revolucionária, com grande ousadia. Não
dançava com músicas compostas para balé, mas com músicas que geralmente eram
tocadas em concertos, o que a maioria dos baletômanos (amantes do balé) era
incapaz de compreender/aceitar.
Humphrey teorizou o equilíbrio e o desequilíbrio do corpo humano com
quedas e recuperações. Sua arquitetura coreográfica, ou seja, a construção de
suas coreografias, não era dramática ou narrativa. Ela dizia que a dança tem
dois extremos: em um deles está o completo abandono à lei da gravidade; no
outro, a busca do equilíbrio e estabilidade. O drama dos bailarinos está em
lutar contra as forças da gravidade e contra a inércia, correndo sempre o risco
de perder o equilíbrio.
Em 1932, o balé clássico se une com a dança expressionista nascente
na obra do alemão Kurt Joos (1901-1979) A Mesa Verde, na qual pretendeu mostrar
a hipocrisia das conferências de paz e os horrores da guerra. Nessa
coreografia apresentou alguns trechos de pantomima, que procura refletir a
inquietude da época. Essa obra venceu o concurso de coreografia em Paris, no
Théätre de Champs Elysées.
Em 1940, Martha Graham coreografou a peça Letter to the World
(Carta para o Mundo), baseada nos poemas de Emily Dickinson e na observação da
diversidade cultural de seu país.
Em 1944, a coreografia de Graham Appalachian Spring (Primavera
Apalache), com cenário de Isamu Noguchi e música de Aaron Copland, fez sucesso
com o tema sobre os velhos pioneiros dos Estados Unidos.
Em 1957, Mary Wigman (1886-1973) produz, na escola de Berlim, A
Sagração da Primavera. Intérprete de suas próprias coreografias, conseguiu um
grande reconhecimento do público com sua violenta carga expressionista.
Apareceu como uma personagem perturbadora, tanto na Europa quanto nas
Américas. Especialista em papéis fortes, detinha as qualidades essenciais de
uma atriz de tragédia, desprezando toda e qualquer forma de candura.
Referencias